terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A forma



Nada posso dizer da fama da Forma.
Nem me refiro a suas doceis sonoridades,
Nada posso dizer sobre a forma,
Compasso de espera para a norma, não conheço!
Nada pude dizer sobre a dobra, daquela que estoura os meus ouvidos,
Tem índices de prosalitismos, tudo bem, ignoro!
Nada podem dizer mais que a forma,
A forma informa: tem conteúdo?!
Nada mais além, ela in-forma
Creiam, é só um monte de pús!
...
Nada falei da forma, massa informe de perfeitas e confinadas mentiras.
Paris, Tókio, Praga, Buenos Aires, Chicago, lá esta ela, transitando pelas ruas, entre neon...
Olhem a forma. A perfeita e harmoniosa musa dos ritos de passagem, já agora desvirginada!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Seus olhos

o fuso dos olhos é tão louco.
Dele, diz-se apenas aquilo - se passou diante dos olhos é mundo, é mundo seu.

Não podemos então lhe dirigir uma única palavra - já não tem palavra,
apenas
a dor no peito,
o peso dos ombros (coletes a prova de bala?) largo. Um pulso fechado nas horas cegas de um relógio. Sem frentes...

Outro, ele poderia ser! Mas apenas sorri - seus dentes lajos não mentem - esta espécie de extânse profundo. Ele...
Mas outros olhos, só lâminas, desce e despede as camadas de pele! Enganam-se... é só lhes observar, nada vêem!




Abrimos em sua direção e de suas costelas (agora range os dentes) - alvas torres de marfim são sinais (sinas?), demonstram alguma espécie de fé? E o outro, agora menos vê...

Atingem agora uma cor magenta, seus olhos.

Brilho opaco no concreto de vigas, à mostra a sua sombra - indelével - desaparece na armação.
Cobre o rosto de véu transparente, antes turvam as pálpebras, para melhor ver as noites, ser amada, entre-entre outros ofusca um, são elas, pintura eternas.

Ele,nem entanto, louco. Desaparece...

sábado, 10 de abril de 2010

o não porque das coisas

momentos raros e rarefeitos assim,
onde pensar e sentir indiferenciam-se sem causa própria, ou desgostam de ter de se explicar,

abro enfim, se elas se abrem não sei... evito o ruído das polainas, mas

vou ao silêncio das palavras e levanto-me contra o inefável, a garrafa ao lado esvasia-se do nada - farto de não sentir, desce aguardente entre minhas entranhas!

posso?

na rarefação desse esperar por mais (des)-prazeres, apenas a música completa o tons acres e doces desse abalo...

por firmeza e descaso sempre se voltam ao nada, e um ruído sem graça cisma, mas já não faz parte de nenhum poema, apenas.

Agora, entre os dedilhados preto-brancos desse quadro - mentira! - jogo o jogo, antes que as cortinas caiam pesadamente sobre estas inúteis e falsas cenas! O dizer, não mais, não mais! Mas sua respiração aberta - Ouço!

e você desdenha, você ignora, você esquece, aquela a quem lhe acolheu no vazio da inexistência... desiste e pronto, já é o frenético jogo, o tesão que inspira e desaparece, não sou mais!

Passo...